
Setembro sempre foi, talvez, o meu mês favorito, ainda que dele guarde lembranças mais ou menos atribuladas: das que abalam as estruturas e nos fazem colocar o mundo em perspectiva.
Guardei-o para algumas das viagens mais emblemáticas que fiz até hoje – destaco Estocolmo, que me ficou no coração, e recentemente a ilha de São Miguel, desarmante pela beleza natural e genuinidade; mas também para tomar decisões profissionais importantes e até me apaixonar (ou desapaixonar).
Não sei se o segredo está na luz, na magia dos entardeceres que queremos prolongar mas se despedem demasiado rápido. Acompanhamos a transição de uma estação viva, colorida e inquietante, para outra mais introspectiva mas não menos eloquente: o friozinho ligeiro ainda, o cair já de algumas folhas, o refúgio espontâneo para perto do que nos aconchega e faz sentir bem.
O adeus é sorrateiro, mas chega aos poucos. Mudamos de estação, de vontades, de objetivos. E, no entretanto, deixamo-nos seduzir e aproveitamos, ao máximo, estes breves momentos de beleza única. Porque o que é bom acaba sempre depressa, mas a magia está sempre nos olhos de quem vê.